E Deus disse: “faça-se a luz. E a luz foi feita!”
Em 2013, há 6 anos atrás, eu estava inaugurando o site do Estúdio Holográfico (posteriormente chamado apenas de “Holográfico”) com um post com este mesmo título. Meu estúdio de design gráfico, que montei com uma sócia assim que saí da faculdade. Eu estava me reinventando, abandonando uma carreira em que eu odiava acordar pra trabalhar e iniciando outra que eu amava.
E, dali em diante, eu passei a trabalhar bastante, fiz muito dinheiro e fui feliz pra sempre, certo? Quem me dera! 🙂 De lá pra cá, muitas coisas aconteceram e passei por diversos percalços até obter dessa nova carreira uma renda pra uma vida digna. Se eu soubesse de antemão, lá no começo, de todas as dificuldades que eu viria a passar, teria desistido antes de tentar. Felizmente, “por não saber que era impossível, fui lá e fiz”, como dizem. Em determinado momento, eu estava no point of no return: estava difícil, a vontade de desistir era grande, mas eu já tinha queimado todas as pontes que me conduziam à minha vida anterior, e contava com a maior força do Universo que motiva a ação do ser humano: os boleto!
No começo, ofertas pra trabalhar a troco de “visibilidade” ou “vai ser bom pro seu portfólio” eram comuns. Acho que os profissionais da economia criativa geralmente exalam um prazer no trabalho tão evidente que alguns cRientes podem achar que conseguimos viver de luz, e a mera oportunidade de produzirmos coisas belas pra eles já seria remuneração suficiente.
Uma armadilha de pensamento que aprendi a contornar. E, daí em diante, percorri uma longa jornada em que fui me descolando da imagem de “artista” e assumindo a de consultor, aprendendo a falar a língua dos empresários. Percebi que as soluções que eles estão mais dispostos a pagar são as que se revertem pros seus próprios bolsos: as que otimizam diretamente os resultados dos seus negócios.
“Design vende”.
— Assim as faculdades ensinam. Esta assertiva é correta, mas reside no reino do abstrato, indireto, sutil. Uma interface melhor certamente vende mais do que uma pior, mas a maioria dos designers não conta com o ferramental necessário pra conseguir mensurar isso e demonstrar objetivamente os resultados financeiros das suas contribuições. Como detectei que isso era fundamental pra construir meu valor e ser melhor remunerado, fui atrás deste conhecimento. O Marketing e a Gestão Empresarial vieram como consequência deste alinhamento.
Mergulhei nesses dois assuntos e —ainda bem— também me apaixonei por eles. Aí a situação do meu bolso foi melhorando: passei a entregar pros clientes uma suíte de soluções completas, e não apenas peças isoladas. Aprendi o algoritmo ganha-ganha deste mercado: eu faço mais dinheiro por ter um escopo mais amplo e os clientes gastam menos, porque não precisam contratar um monte de agências pros seus projetos, só a minha.
Não tenho vergonha de admitir que fugi do meu planejamento inicial; imaginava construir um estúdio de “design puro”, alla Pentagram ou Tátil. Mas, em dado momento, eu já estava oferecendo, além do design gráfico e web design:
- SEO — Search Engine Optimization;
- Copywriting;
- CRO — Conversion Rate Optimization;
- Gestão de Links Patrocinados;
- Naming;
- Consultorias;
- Lançamentos de produtos digitais;
- Customer Success;
- Treinamentos de vendas.
A amplitude dos serviços naturalmente colocou o nome “Holográfico” em xeque; não representava mais, nem de longe, o que oferecemos e passou a atrapalhar, transmitindo uma primeira impressão errada. Um rebranding era premente.
👆🏾Sim, esta é a reação clássica dos teóricos do Posicionamento quanto à abrangência dos nossos serviços. Mas siga comigo, pequeno gafanhoto, que me explico.
Em primeiro lugar, garanto que fazemos tudo isso aí muito bem feito. E a garantia não “soy yo”, são nossos clientes, que não me deixam mentir e seguem fidelizados por longo tempo.
Em segundo lugar, não faço isso tudo sozinho, conto com outras pessoas que são fortes onde sou fraco.
Em terceiro lugar, imagine a seguinte situação-problema: as empresas, pra serem modernetes, atuando nos meios digitais, usualmente contratam um estúdio de design gráfico, outro de web design, uma agência de Google Ads, outra agência de redes sociais, outra de marketing de conteúdo, um consultor de SEO e mais uma equipe interna de marketing pra tentar colocar todas essas peças no lugar. Aí um atendente, lá na base da pirâmide operacional, enfrenta, com os cliente reais, várias objeções que não são devidamente tratadas no site, nos materiais impressos, nas redes sociais e nos criativos de anúncios. A pergunta é: quanto tempo você acha que leva pra essa informação subir do atendente pro seu gerente, pro seu diretor, pra equipe interna de marketing e, enfim, pra todos os fornecedores pra que façam os ajustes necessários nos seus trabalhos, de forma orquestrada e sem sobreposições, contradições e gaps?
Se você tem um mínimo de experiência de mercado, sabe que a resposta é infinito. Simplesmente não rola. Essas informações se perdem na cadeia de colaboradores e níveis hierárquicos envolvidos. Os fornecedores nutrem conflitos de interesses e trocam pouca ou nenhuma informação entre si. Neste modelo, raramente alguém está em posição de realizar ajustes holísticos que abrangem todos os envolvidos na operação, vendo, em tempo real, o impacto que cada engrenagem gera no todo. Os trabalhos acabam acontecendo com cada um olhando “pro seu quadrado”, um Frankenstein é montado e aí podemos ver, como resultantes típicas, anúncios ótimos que conduzem a landing pages péssimas, ou vice-versa, landing pages ótimas mas com geração de tráfego pobre, toneladas de leads sendo gerados mas sem converter em vendas, e uma infinidade de outras situações que acontecem quando o trabalho não é integrado.
Voltando à pergunta, mas considerando se você tivesse todos esses serviços concentrados em um único fornecedor. Quanto tempo seria necessário pro ajuste?
R: um dia.
Um dia é o tempo que uma informação do “chão da fábrica” leva pra percorrer toda a cadeia de comunicação e gerar os ajustes necessários em todos os canais e campanhas, gerando melhoria contínua e exponencial à sua Receita. Consegue imaginar a dimensão desse impacto? Pode ser uma questão de milhões de reais, dependendo do porte da empresa envolvida, seu ticket-médio e pedidos por dia. Esta é a vantagem da visão holística sobre os processos dos negócios.
—Tá, mas e a “regra” de só podermos ser bons em uma coisa?
R: foda-se. Já vimos um pouco do que esse tipo de postura resulta. Não pretendo, com isso, desbaratar toda a teoria desenvolvida por Al Ries e Jack Trout; pelo contrário, a ratifico e digo que, na verdade, a maioria das pessoas é que não entende (ou nem lê) o que eles quiseram dizer.
Apenas nosso posicionamento é que precisa ser simples e sintético, mas nossas capacidades, competências e gama de serviços podem ser tão vastas quanto desejarmos. No nosso caso, ao invés de nos posicionarmos como uma “agência de design gráfico, web design, marketing digital, links patrocinados, CRO, SEO, copywriting, naming, vendas, produtos digitais, consultorias e Customer Success”, o que, de fato, seria péssimo, somos a “consultoria do DHS”, nossa metodologia própria, que quer dizer todas estas coisas e muito mais.
Posicionamento simples, mas conteúdos e serviços complexos, capiche?
Pra você, que só acredita vendo, sabe uma grande empresa que é um ícone desta abordagem e está diante dos seus olhos?
O Google.
Que consiste numa simples página de busca, enxuta ao extremo. Mas oferecendo uma das mais vastas e complexas gamas de produtos e serviços já vistas nesta terrinha de meu deus.
Convenci?
Com a força do Google, acho que sim! Mas, se não tiver, não tô nem aí também. 😂😂😂
Se eu precisasse resumir em uma única frase tudo o que aprendi na minha jornada, seria assim:
“A coisa mais egoísta que podemos fazer é aprendermos a ajudar os outros”.